A teologia evangélica tradicional sempre nos ensinou que ser cheio do Espírito é ter um caráter transformado. Isso é verdade? Sim, é verdade, especialmente na teologia paulina (exemplo: Efésios 5). Mas será que a Escritura encerra essa questão em Paulo? É claro que não, pois na teologia lucana ser cheio do Espírito é ter poder, como manifestações sobrenaturais visíveis, para o testemunho do Evangelho. Paulo e Lucas trabalham com duas perspectivas diferentes e complementares. Portanto, tomar Efésios 5.18 para interpretar o enchimento do Espírito em Atos é uma “transferência ilegítima de totalidade”. Essa ação, na hermenêutica, se dá quando “os vários significados que uma palavra tem em todos os seus contextos na Bíblia estão todos [supostamente] em uma única passagem”, como explica o teólogo Vern S. Poythress.
Pr. Sergio Fernandes